Primeiramente, nosso agradecimento à Prefeitura Municipal de Lorena, minha cidade, pela oportunidade de produzir um capítulo especial da série Brasil Sem Limites em minha região. O episódio Lucas Bocaina e o Vale Histórico Paulista tem o apoio financeiro da Secretaria de Cultura e Turismo do Município de Lorena, via Lei Aldir Blanc, redirecionado pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.
Sobre a série
O Brasil Sem Limites é um projeto de série documentário cuja proposta se iniciou em 2018 numa conversa entre 5 produtores e fotógrafos de estados diferentes do país – de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraíba e Bahia -, mas que se formalizou a partir de 2019/2020 com o projeto e roteiro do primeiro episódio da série Molla de Mandacaru, piloto contemplado pela Lei Aldir Blanc em 2020 e lançado em maio de 2021.
Se o primeiro episódio conta a história de um músico sanfoneiro ativo da cultura popular da cidade de João Pessoa, o segundo episódio retoma a temática nordestina a partir de uma visita à Ingá, interior da Paraíba, com a história de Dona Lia e o Memorial do Cuscuz. O nordeste continuou presente nos dois próximos episódios premiados pela Aldir Blanc em 2021, o Brejo Grande e a Gruta dos Brejões, filmado no interior do Município de Morro do Chapéu – uma das cidades cuja Estrada Real da Bahia, também chamada de Caminho do Ouro, corta -, Chapada Diamantina, Bahia, e João Nicodemos, músico instrumentista, xilógrafo, artista visual, luthier e cordelista, natural de Tupã, SP, que encontrou no nordeste e na cultura popular o encanto do sentido necessário para seguir a vida.
Estes episódios buscam retratar nossa essencialidade não apenas pela natureza emocional do ser humano, mas na relação do seu íntimo com aquilo que o cerca, desenvolvendo o caminho pela noção de nossa identidade brasileira e todo o abstrato que a compõe. Proveniente dessa psicosfera, nossas crenças e inter-relações entre aquilo que está exposto fora de nós, em nosso Brasil, e aquilo que vive dentro, ou que somos realmente, influenciados e influenciando ativamente, ou seja, de maneira dinâmica, a sociedade que nos serve de berço. O argumento de nossos roteiros fundamentado pela filosofia de Schopenhauer, além do Plano Nacional do Turismo do Ministério do Turismo e do Planejamento Estratégico da Agência Nacional do Cinema (ANCINE), são nossas principais referências para a execução de nosso trabalho.
Estes episódios buscam retratar nossa essencialidade não apenas pela natureza emocional do ser humano, mas na relação do seu íntimo com aquilo que o cerca, desenvolvendo o caminho pela noção de nossa identidade brasileira e todo o abstrato que a compõe. Proveniente dessa psicosfera, nossas crenças e inter-relações entre aquilo que está exposto fora de nós, em nosso Brasil, e aquilo que vive dentro, ou que somos realmente, influenciados e influenciando ativamente, ou seja, de maneira dinâmica, a sociedade que nos serve de berço. O argumento de nossos roteiros fundamentado pela filosofia de Schopenhauer, além do Plano Nacional do Turismo do Ministério do Turismo e do Planejamento Estratégico da Agência Nacional do Cinema (ANCINE), são nossas principais referências para a execução de nosso trabalho.
O objetivo da série é viajar pelo Brasil em busca de histórias de brasileiros que exaltem a essencialidade humana, sendo, o indivíduo, o agente intermédio e dinâmico ao que se manifesta em nosso senso de identidade individual e coletiva e ao meio que nos cerca. Cada episódio traz uma ou mais personagens que compõem e influenciam a psicosfera do país.
Panorama histórico e proposição do roteiro do episódio
No nosso prosseguimento pelo fértil vale ao sul de Lorena, que o sol poente iluminava feericamente, notamos surpreendente mudança na vegetação. Desaparecia a feição selvagem das matas e, pouco a pouco, ia ressaltando a natureza mais livre, suave, aberta, dos campos, quanto mais avançávamos. Em vez das altas e densas florestas de montanha, tínhamos agora, à nossa frente, planícies alternadas com outeiros de suaves declives, cobertas de alguns arbustos e extensas campinas […] A planície, embora parcialmente muito pantanosa, pertence à região mais fértil de São Paulo. Em particular, prospera aqui excelentemente o fumo, e o seu cultivo é um dos principais trabalhos dos habitantes de Lorena e da vila de Guaratinguetá, distante duas léguas, onde pernoitamos. Como o calor úmido favorece especialmente a secreção da substância específica nas folhas do fumo, o que determina antes de mais nada a excelência do mesmo, pois goza de preferência o fumo cultivado ao longo da costa do mar e no vale mais quente do Paraíba e com o nome de “tabaco da marinha” é distinguido da qualidade inferior, o “tabaco de serra acima”. O mais apreciado no país, porém, é o da Ilha de São Sebastião… (Viagem pelo Brasil. Spix e Martius. 1817.)
Em nossas pesquisas para o desenvolvimento do roteiro deste episódio, buscamos pelo panorama da historicidade do Ciclo do Café querendo identificar, na região, a importância do desenvolvimento econômico do que veio a ser Lorena do século XVIII e XIX. No entanto, as informações relevantes que encontramos nos levaram diretamente ao sul do município, mais precisamente à Serra da Bocaina, onde se encontram os municípios de Areias, São José do Barreiro e Bananal.
Na condição de Vila, com emancipação política de Guaratinguetá em 1788, Lorena chegou a ser o município mais populoso da província de São Paulo, possuindo freguesias anexadas a seu território além de relevância na produção e exportação de café. A freguesia de Santana da Parnaíba (atual Areias), fundada em 1784 em território lorenense, foi um dos pilares da concentração das mais importantes fazendas de café da região, crucial influência tanto ao desenvolvimento da economia cafeeira quanto à consolidação do Império brasileiro devido à passagem de Dom Pedro por estas terras. Foi, no Vale do Paraíba Paulista, a maior responsável pelo avanço do café até meados do século XIX, junto à São José do Barreiro e Bananal, anexadas a seu território posteriormente, emancipando-se politicamente de Lorena no ano de 1816.
Nosso olhar se voltou à região, então, não apenas pela territorialidade, mas, principalmente, pelo caráter histórico que promove, já que, ao fim do século XVIII, com a migração de cafeicultores às terras lorenenses, se estabeleceram as principais fazendas no território da Bocaina. Uma das fazendas históricas que visitamos para ilustração da história, em consonância com a história de nossa personagem, é a Fazenda Pau D’Alho, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (IPHAN), tendo em sua história a visita de Dom Pedro, em 1822, durante sua viagem a São Paulo.
Da vila segue o caminho a sudoeste, sempre no vale do Paraíba. Tem-se à esquerda uma série de colinas, bem plantadas com feijão, milho, mandioca e fumo. À direita, alarga-se o vasto vale até à serra da Mantiqueira, e apresenta aspecto desolado, deserto, quase sem vestígio de cultura, coberto de densa vegetação baixa de murtas, goiabeiras, etc. Só a esperança de que milhares de felizardos venham a habitar um dia estas ricas paragens, reanima o viajante. (op. cit.)
Identificada a sua relação com o município, adaptamos essa leitura identitária e consideramos, portanto, a conexão entre os municípios de Lorena e São José do Barreiro, Areias e região. A partir de nossas pesquisas, levamos, então, o Brasil Sem Limites às limitações da Serra da Bocaina, procurando, enfim, a personagem principal deste episódio.
São José do Barreiro
Sinopse
O episódio tem como objetivo compartilhar a história de uma personagem da cidade de São José do Barreiro, parte do Vale Histórico Paulista que já pertenceu ao município de Lorena, SP, através de sua pessoalidade e perspectiva para que, subjetivamente, se reflita o cenário documentado. A região é conhecida pelas fazendas históricas do período do Ciclo do Café, como a Fazenda Pau D’Alho, Patrimônio tombado pelo IPHAN.
A escolha da personagem
É difícil relatar precisamente o que essa busca incessante por estas conexões podem levar o pensamento a reconhecer, devido tamanha abrangência que este tema pode gerar, porém, a partir do desenvolvimento do episódio, podemos notar a relevância e grau histórico que um simples lugar de poucos mil habitantes possui, e ver, nessa pequena demonstração de sua exuberância, através do olhar de uma simples personagem, o tamanho da riqueza e da influência que ele tem e pode gerar.
Nosso desconhecimento sobre a nossa história e, por conseguinte, sua desvalorização corresponde ao trato ínfimo que exercemos ao tratar do que é nosso, portanto, agindo impulsionados por quaisquer influências externas, nos esquecemos do que somos – ou do que trazemos conosco -, respondendo à realidade, muitas vezes, limitados pela pequena visão de mundo que alimentamos em nossas experiências, sejam elas de nós para com o meio ou para conosco.
Ao tratar o abstrato das memórias que permeiam não apenas um centro urbano específico, mas, sim, de toda região que se interconecta e que participa de nossa história por completo, não apenas valorizamos aquilo que foi construído, mas, também, nos conscientizamos do nosso valor, discernindo e entendendo que a realidade nos oferece muito mais do que imaginamos e/ou estamos acostumados.
Lucas foi, por isso, a melhor opção para transformar o interesse e o cerne do projeto em realidade. Primeiro porque o que se quer com os episódios é potencializar o descobrimento do brasileiro sobre ele mesmo por ele mesmo. Ou seja, uma auto-reflexão sobre o que pensamos ser e o que somos realmente, nossas características identitárias, aquilo que nos une e que dá sentido à palavra nação. Segundo porque o papel do deslocamento, das interconexões e da abrangência de panorama e perspectiva que viajar provoca exerce papel fundamental na compreensão do humano sobre si mesmo – onde Turismo e Cultura conversam entre si e possuem seu valor manifesto. O papel da relação do indivíduo, da identidade, do humano e do meio se mesclam, finalmente, caracterizando aquilo que vemos ao nosso redor.
O desafio é estabelecer mais conexões para que se abram mais caminhos, que flua conhecimento suficiente que abranja a demanda existente, que mais agentes culturais possam produzir com liberdade e autonomia o que seja, de fato, relevante, e que tenhamos, todos, o bem comum em primeiro lugar.
Capacitar o outro com aquilo que temos de melhor, fornecer informações e conhecimento que liberte a consciência de suas amarras e permitir, a partir daquilo que criamos, maior compreensão sobre nosso papel no mundo e sobre o que podemos executar com o que somos.
Serviço
Lucas Bocaina e o Vale Histórico Paulista | Brasil Sem Limites está disponível no Canal Distropya no YouTube e exibido pela Imperial TV.